06-08-2016 Mauvoisin - Pazagnou - Le Tseumette - Col des Otanes - Grand Tavé, Val de Bagnes, Valais, Suisse

texto e fotografias: Xavier
ficha técnica:
distância: 15,56km
subida total: 1300m
descida: 1300m
altitude máx: 3157m
altitude min: 1840m
caminhada efectiva: 6h30m
tipo: linear
cotação: T4
track: aqui

video do dia

O Sol estava de regresso para mais um fim de semana excelente, tínhamos pensado em 2 belos picos no Val de Bagnes, o Grand Tavé(3157m) e o Mont Avril(3347m), assim foi.
Neste Sábado iniciamos a caminhada no parque de estacionamento da barragem de Mauvoisin(1840m), subimos para O à medida que o trilho ziguezagueia encosta acima e rapidamente ganhamos 300m de desnível, o céu estava azul mas via-se uma camada de nevoeiro para onde nos dirigíamos, em Pazagnou(2147m), primeira bifurcação, continuamos na direcção do Col des Otanes, passamos na ribeira de Pazagnou onde é facilmente visível o resultado de um enorme deslizamento de terra e rocha, muita rocha, na corga existem dezenas de blocos do tamanho de casas, é uma parte interessante do trilho. Uns 20 minutos depois passamos em La Tseumette(2297m), continuamos para NO e por volta dos 2500m, numa zona com vários pequenos lagos, o trilho flecte para SO, numa altura em que nos embrenhamos na espessa camada de nevoeiro. Cruzámo-mos com várias pessoas que desciam do Col des Otanes, a julgar pela disposição da malta, estava bom tempo lá em cima, o que se viria a confirmar uns 20 minutos depois.
Continuamos a subir e umas 2h30m depois de iniciarmos a caminhada passámos no Col des Otanes(2880m), precisamente na altura em que emergimos do nevoeiro e chegamos à neve fresca, este Col des Otanes é um autêntico portal para a alta montanha, os Combins mostram-se com toda a sua força assim como o glaciar de Corbassiére. Pelo que tinha lido sobre a subida ao Grand Tavé, no colo saímos à esquerda, abandonamos o trilho marcado e subimos a encosta para SE, não tem trilho definido mas tem mariolas, a neve caída nos dias anteriores conferia à paisagem um brilho especial. A camada de neve de 10/15cm não estava gelada mas a rocha estava molhada o que dificultou a subida, avançámos bem até nos aproximar-mos duma barra rochosa, supostamente aqui deveria ter seguido pelo lado direito e quando tentei contornar já tinha subido demais e ali o gelo já marcava presença tornado a coisa bem delicada, lá fui avançando pelo lado esquerdo, cuidadosamente e pouco depois estava passada esta parte mais delicada onde é proibido escorregar, entretanto atrás de nós vinha um casal de espanhóis que também queriam ir ao Grand Tavé, tinham arrancado da cabana de Panossiére e tinham-lhes dito que a subida não era evidente, e não é mesmo, ainda por cima com neve é mais difícil identificar a via normal.
Depois de alguma hesitação lá fomos subindo, eu e a Xarah, a Tixa decidiu ficar por ali, ainda lhe liguei para dizer que era muito melhor passar pelo lado direito do rochedo, já na companhia do tal casal subiram um pouco mas acabaram por abandonar. Uns 20 minutos depois chegava à cumeada ficando a escassos minutos do Grand Tavé(3157m), a face norte estava completamente gelada pelo que voltei a hesitar, mas passo após passo lá fui avançando e consegui chegar ao pico, nesta fase a Xarah já tinha descido ao encontro da Tixa.
O cenário estava inesquecível, já tinha saudades de estar acima das nuvens, por momentos esqueci-me que tinha ainda uma tarefa difícil pela frente, a descida. A vista 360 passa pelos Combins, o plateau do trient ao longe, os dents du midi, Muveran, Mont Fort, Le Parrain, Pointe des Chamois, Pointe du Vasevay, o incrível le Pleurer, Mont Blanc de Cheilon, Ruinette, todos acima do espesso manto de nevoeiro, momentos que ficarão guardados para sempre na minha memória.
A temperatura estava óptima, pena estar sozinho, a felicidade só é felicidade quando partilhada. No fim de ter gasto o rolo tive que pensar em regressar, mas não me apetecia descer pelo mesmo caminho, desci pela encosta NO do Grand Tavé, completamente fora de trilho, a cada metro que descia ia analisando a coisa, rapidamente cheguei à conclusão que mais valia ter descido pelo mesmo caminho, com tempo seco é uma ascensão fácil, mas com estas condições não é de todo evidente. Continuando a descida cheguei aos 2900m e aí flecti para norte para ir de encontro ao Col des Otanes onde reencontrei as minhas duas coisas boas.
Só no Col des Otanes(2880m), às 4 da tarde, depois de uma ascensão que durou bem mais que o previsto, é que almocei, tinha regressado a uma zona de conforto.
Repasto tratado regressamos tranquilamente pelo mesmo caminho enquanto que o nevoeiro se encostava às encostas a leste deste magnífico e belo Val de Bagnes. Muito mais kms que o previsto mas foi uma caminhada épica! Este Val de Bagnes é mesmo especial
Vamos aos registos

Val de Bagnes


a Xarah




entrávamos no nevoeiro





a chegar ao Col des Otanes

começava o espectáculo 
Mont Blanc de Cheilon e La Ruinette
o bouquetin tranquilo
panorama E

Combin de Corbassiére e o Petit Combin vistos desde o Col des Otanes
panorama N
Col des Otanes, portal para a alta montanha
a Tixa e o Grand Combin
magnífico
Grand Combin

toca a subir



não conseguia parar de fotografar...
quase na cumeada

voilá!

La Sale, Le Pleurer, Mont Blanc de Cheilon e La Ruinette


Grand Tavé, a face norte estava completamente gelada
La Sale e Le Pleurer
Mont Blanc de Cheilon e La Ruinette
esta parte, seca, não tem problema nenhum mas gelada mete respeito
Grand Combin e Grand Tavé
bouquetin
e outra vez o Grand Combin
Grand Combin, glaciar de Corbassiére e Combin de Corbassiére
panorama N
panorama NE
Grand Tavé
360 Grand Tavé
que bem que estou no Grand Tavé
momentos...



panorama SE



Le Pleurer à esquerda, em destaque a aresta por onde decorre a via normal, a fazer...


passei por ali
toca a descer





que dia escandaloso!
barragem de Mauvoisin



até breve Val de Bagnes